quarta-feira, outubro 11, 2006

VIAGEM DESORDENADA = CARAPIRÚ, ADEUS A TERRA LIVRE

(Serras da Desordem - Andrea Tonacci)
Nota cinematográfica/desprende do filme: Os índios são uma outra humanidade.
(espaço)
Ismail Xavier: É uma combustão do início ao fim.
Andrea Tonacci: O Ismail viaja no fogo.
(espaço)
Documento! Realidade? Documentário? Ficção? Antes ou depois? Camadas de realce em cores ou o P/B contrastante? Cinema em 24 fotogramas em dimensões potencializadas de elevação 135m³/135m², vida a linguagem, alimento em 35mm ou mesmo digital ambos digestivos. A sinceridade na abordagem e base roteirística desvia a simplicidade tanto na transposição quanto na compreensão óbvia e didática, limitada/restrita.
O vilão não é a exploração, pois o espelho explorativo também se desenvolve na percepção indígena. A falta de respeito torna-se influência na atitude do humano definido como "evoluido" e a mente pulverizante transforma em cinzas o humano "primitivo", histórias e enigmas. Uma geração artificial é construida como um esganador da tradição tendo uma postura fascista de: ...adeus existência de diferenças.
1. Inverter/Reverter;
2. Primitivo = Evolução de atitudes respeitosas;
3. Evoluido = Desrespeito em atitudes primatas.
Em terra de ninguém, o poder é imposto pelo medo e ganha espaço; esse que destrincha o existencialismo e a cultura antes ali existente para torná-la desejo palpável em matéria e riquesa explorativa.
(espaço)
(espaço)
Baseado em verdade, Serras da Desordem conta a história do índio Carapirú que nos anos 70 sobrevive a um violento massacre que desestrutura o berço familiar e o joga como nômade a perambular solitariamente no mundo, este mundo radicalizante que traça um caminho ilimitado e transforma escolhas em choque cultural de compreensão infelizmente obrigatórias, ainda mais chocante a quem vivia na tradição tranquilizante.
Por cerca de 10 anos em andanças Carapirú é acolhido por uma família do sertão bahiano. Pelos boatos a sua existência chega aos ouvidos da FUNAE, tornam-se público os fatos de sua história pré-formulada por gestos e suposições e somente na tradução de um momento impactante é que se descobre a verdadeira história que até aquele momento era desconhecida.
Agilidade em noções, Tonacci toma frente ao alicerce construtivo, ativo em todos momentos, constrói além de estrofes de cronologia temporal um ciclo fechado de redundâncias/ambiguidades, transpondo em momentos velocidade na passagem do tempo para desfazer o vício básico e reconstruir possibilidades de análises profundas e formulações.
Revisitar é um aspecto de revivência aos sentimentos de um fragmento importante que alavanca a engrenagem da película que não disfarça ou até mesmo não manipula o assunto abordado.
Ultrapassando os limites das linhas traçadas de uma reserva indígena, Serras da Desordem é combustível, e, a combustão pelo seu efeito é superior a somente um fogo representativo ou signo mitológico, aqui pulverisa todo absolutismo cartilhado do documentário com base em "dedo na ferida" e confirma o comentário de Ismail Xavier (acima e agora por mim abaixo) onde Andrea Tonacci vai além, sendo: ...um filme delirante, êxtase por excelência, uma viagem que o próprio criador cria recriando e não recreando.
Atenção:
Produtores, investidores, formuladores, categoristas, concentrados em padrão; numa próxima vez considere também criatividade; Tonacci abrange a lista de gênios que sobrevive a margem, não utiliza de oportunismo e até o momento não pisou na cara da arte cinematográfica com multilações baratas em tecnologia narrativa em A, B e C; libere a verba e reconsidere prazos.

6 comentários:

Anônimo disse...

Olá cidadão, finalmente atualizou. Abraço.

Anônimo disse...

Fala, Urina! Gostei do novo visual Espero que sirva de estimulo pra vc atualizar mais frequentemente isto aqui hehehe!
Grande Tonacci, finalmente de volta. Quero muito ver esse filme. Abração!

urina disse...

Fala Capra (sem suicídios por gentileza!), até que enfim né, desculpa não só você mas todos que passam por aqui, que desapareça esse período de transtorno, agora acho que vai alavancar e quanto mais melhor e, se possível com qualidade. Vê se não desaparece!
E aí Sérgio, obrigado pela força, quando você postou seu comentário foi o momento que estava fazendo as alterações, o modo que está ainda não é o que permanecerá, haverá ainda algumas mudanças. E só para colocar mais uma estrela no peito do cara, Tonacci é muito bom, é provável que no próximo ano seja lançado esse e o aguardado Lobisomen da Amazônia do Ivan Cardoso (espero resenhar ele e postar aqui, se possível nos próximos dias), um amigo (Carlos, só os marginais) me informou que provavelmente no próximo dia 16/out haverá novamente uma sessão de Serras... no cinesesc, o horário ele não sabe mas se souber algo te informo, que este filme vale a pena conferir.
Obs.: Só para informar tenho muito a agradecer ao Japoneis, grande colaborador que perdeu o feriado para ficar mexendo comigo nesses códigos malucos de HTML ou XML, que loucura, que almoço!
Agora, abraços a todos vocês!!!

Anônimo disse...

Wow! Adorei o novo visual!!!
E o texto está ótimo como sempre!
Abraços!

urina disse...

Ronald, pretendia comentar sobre Dália Negra no Cine Art e os comentários sumiram (apesar de ainda não ter assistido), mas próxima semana sem falta eu irei assistir e comentarei! Obrigado pelo elogio, abraços!

Anônimo disse...

você pode mandar pro meu e-mail pessoal...

perronefaria@hotmail.com

Também serve como messenger, se vc tiver e quiser me adicionar. Será muito bem vindo!

Abraços!