Recentemente um dos sites de cinema que eu mais admiro, tanto pela abrangência, quanto pela profundidade crítica, publicou uma resenha feita por mim sobre Batman Begins.
(espaço)
www.cineimperfeito.com.br
(espaço)
(espaço)
www.cineimperfeito.com.br
(espaço)
Batman Begins de Christopher Nolan
Recontar hoje é o foco do cinema de Hollywood. No caso de Batman Begins, reconstruir a biografia do homem morcego com suposta “seriedade” e “realismo” é mais um meio de ganhar novos admiradores ou conquistar os fãs de quadrinhos indignados com os filmes anteriores. Com esse novo trabalho, Christopher Nolan demonstra que o problema de seu filme é justamente querer afirmar a cada plano que aquela é sua visão pessoal (autoral) do personagem de Bob Kane Bill Finger, estragando o que poderia ser um artesanato interessante, pois o filme torna-se um estranho híbrido entre uma intenção “autoral” e um trabalho de encomenda. Ou seja, o que Burton conseguiu fazer (ser o “autor” num filme de “indústria”), Nolan não consegue.
A gana do diretor por contar as motivações e caminhos que levaram Bruce Wayne a se tornar Batman - psicologizando sistematicamente - é o ponto que prejudica o filme desde o início como proposta de abordagem e de construção da história do personagem, como um liquidificador que te entrega um herói pronto e despreza a imagem, porque, afinal de contas, para os realizadores, ela não tem nada a dizer. Seus cortes só criam uma tensão: os diálogos lutam pra se manter em um único plano.
Pelo menos aos vilões, Nolan poderia ter dado um tratamento digno - o ponto central dos trabalhos de Burton, por exemplo. Pois aqui eles só servem para constar com a função única de criar antagonismo ao Batman. Aliás, muitos elementos do filme não servem em nada a ele. E, como tudo em Batman Begins só existem pra “constar” e pra justificar que aquele é o Batman que todos conhecem dos quadrinhos, o filme de Cristopher Nolan é uma peça de marketing direcionado a alguns fãs sectários dos quadrinhos, aqueles mais ortodoxos que vivem a protestar e pedir fidelidade à fonte original.
Enfim, o filme todo acaba fugindo pelo ralo, desde o conceito até a sua realização física, com seus diálogos forçados, cortes e movimentos de câmera trepidantes em ritmo que de tão rápidos se assemelham a um álbum de fotografias esfumaçado. O objetivo então seria se assemelhar aos quadrinhos, ou melhor, trazê-lo a uma suposta realidade, impregná-lo daquilo que os outros (tanto o de Burton quanto o de Schummacher) não tinham, mas acaba por frustrar qualquer expectativa em conhecer o homem morcego, seja o dos quadrinhos (como, no caso, Batman Ano Um) ou do cinema. Esgota o personagem e despreza qualquer potencial cinematográfico que ele tenha.