sexta-feira, novembro 17, 2006

BUSCA PELA LIBERDADE EXPRESSIVA

(O Céu De Suely - Cabine)
Limites para criar personagens-documento da realidade no irreal? Tema de regionalidade nacional ou nacionalidade regionalista? Demonstração dos critérios óbvios dos críticos (fortalecer/repetir): Retomada? Nova Safra? Regionalismo ou é mesmo nacionalismo?
Em O Céu De Suely, a protagonista da história é Hermila, uma jovem de 21 anos que nasceu na cidade do sertão cearense Iguatu, de calor castigante e vastos céus azuis. Uma cidade pelo seu ponto de vista a partida para evoluir. Envolvida pela rebeldia da idade e guiada pelo despertar dos interesses juvenis, ela luta para demonstrar o amadurecimento e criar novas perspectivas de vida distanciadas do povo de Iguatu.
Dois anos atrás, essa foi idéia de Hermila, partir da cidade em que vivia e ir ao encontro com o choque nem tão cultural, mas sim econômico de São Paulo, tentar meios com o namorado Mateus para sobreviver e progredir. Infelizmente o sonho dispõe de dificuldades impensáveis e o regresso torna-se um choque superior e frustrante.
Liga-se o projetor e a janela transmite a visão de Karim Aïnouz
Agora ela está de volta, na casa de sua avó e de sua tia, com um filho para criar e à espera do marido, que logo ela se dá conta de que nunca vai chegar. Sozinha, ela volta a se encontrar com um antigo namorado, João Miguel, mas o novo relacionamento não diminui sua revolta pelo abandono, muito menos a vontade crescente de sair daquela cidade outra vez.
Entre as conversas com a amiga Georgina, Hermila adota o nome de Suely e cria um plano para conseguir dinheiro, rifar-se; propondo a noite no paraíso com um qualquer e dentro dessa noite angustiante suspender-se para um recomeço. Apesar das dificuldades e perdas do caminho escolhido para encontrar o paraíso (uma analogia a palavra titular "O Céu..."), Hermila lutará firmemente para ultrapassar os efeitos colaterais transcorrentes de um sonho anteriormente mal planejado e agora, realizar-se.
Predominante pelo silêncio, O Céu... De Suely... é ritmado a um compasso destinado a manter o caminho de Hermila, fragmentado mas distante a um didatismo, suas escolhas são fortes, superam a falta de análise que impactaram no insucesso de sua primeira viagem a São Paulo, sua realidade é outra além de um sonho ilusório, é verdadeira.
Karim Aïnouz reproduz o assunto a uma narrativa reflexo da veracidade dos fatos, e, a busca pela representação espontânea faz fluir a história, com controle artístico de seus personagens de contos reais filtrados ao um forte impacto, composto/completo/compacto pela bela fotografia de Walter Carvalho (foco/movimento/privacidade(sem evasão)/sobreposição de ação), trilha sonora sem o apelo regionalista (caráter brasileiro-estrangeiro), edição (sonora dos veículos que cortam a cidade) e a montagem (cortes secos violentos de mudança sequencial/filtro tratado na reprodução pós-produção/ordem pela visão da protagonista desordenada).
Céu = Paraíso//Céu = Esperança//Céu = Filme Verdade
Guapitu «-extremomertxe-» ergelA otroP
Quatro anos desde o lançamento de Madame Satã, Karim Aïnouz mostra que transcendeu a síndrome que ataca vários diretores na construção de uma carreira cinematográfica, mesmo distanciado pela temática do trabalho anterior (explosões conclusivas do impacto surpreendente) quanto pelos métodos de abordagem, finaliza um filme com uma perfeição diferente (reflexão do tema recorrente/conclusivo/final aberto?) ligado mais ao psicológico que ao corporal; uma aula dirigida pela complexidade de utilização do tempo no vazio.